quinta-feira, 12 de julho de 2012

Treinamento baseado em mitos ou através de estudos científicos?

Olá pessoal, 


Um amigo do face, Anderson Bassi, postou esse texto no seu Blog. Achei muito interessante, o texto tenta transmitir informações pautadas em estudos científicos, deixando de lado os mitos, levando em consideração experiências de quando atleta e membro acadêmico.





Apesar de o senso comum dizer que quanto mais forte treinamos, mais evoluímos nossa performance, um número significativo de evidências  apontam justamente para o oposto.
Um estudo publicado no Official Journal of the American College of Sports Medicine, com título de How Do Endurance Runners Actually Train? Relationship with Competition Performance, com população amostra constituída por corredores de elite, mostrou que o treinamento forte (acima do Limiar Aeróbio), na verdade somente levou os atletas a terem um aumento na incidência de “overtraining”.

Em contrapartida, atletas que treinaram leve (abaixo do Limiar Aeróbio), mostraram os maiores ganhos em performance. 

Outro estudo similar publicado no Journal of the American College of Sports Medicine, mostrou que o treinamento leve, em conjunto com treinamento de força, com algumas sessões de alta intensidade, foi o melhor para aumento da velocidade em VO2 Máximo, mais do que inúmeras sessões de alta intensidade acima do Limiar Aeróbio. 

Mesmo aqueles que treinaram em “meio de faixa” (entre primeiro e segundo limiar anaeróbio) tiveram menores ganhos em VO2 Máximo.

Interpreto esses resultados da seguinte forma: 

Uma característica visível em grandes atletas é a destreza desportiva, ou seja, impecável gesto motor. 

Estudos em Biomecânica comprovam que o movimento Humano bem aplicado, não só promove grande economia no VO2 Máximo, mas também causa grande aumento no desempenho desportivo. Além de prevenir lesões causadas pela má aplicação do movimento. 

Treinamentos que sobrecarregam menos o sistema nervoso autônomo parassimpático causam menos estresse. Consequentemente, diminuem o risco de causar “overtraining”, e acima de tudo, permitem que o atleta preste maior atenção à aplicação do movimento.

Sou atleta desde a infância, com isso, tive a oportunidade de praticar competitivamente as seguintes modalidades: 

Futebol (categorias: fraldinha, infantil, juvenil); BMX (categoria Juvenil); Mountain Bike Cross Country (Categoria Junior e Elite); Mountain Bike Up Hill (Categoria Junior); Mountain Bike Down Hill (categoria Junior); Ciclismo de Estrada (Categoria Amador e Elite); Ciclismo contra Relógio (Categoria Junior); Triathlon Xterra (Amador); Triathlon (Categoria Amador e Elite); 

Nessa jornada incluí diversos treinadores, nutricionistas e médicos. Esse contato com a prática e com esses profissionais me rendeu muito aprendizado. Eu sempre acreditei que a teoria torna a prática mais eficiente. 

Em minha graduação, logo no inicio, montei meu primeiro projeto de iniciação cientifica. O projeto era sobre Biomecânica de Ciclismo, meu objetivo era iniciar estudos sobre alguns mitos. 

Doze anos atrás, comecei a dar aulas de Ciclismo, treinei atletas amadores e profissionais. Com o passar do tempo, percebi diversos erros de interpretação sobre teorias de treinamento desportivo, uma delas: 

Fase de “base”, onde a maioria dos atletas de esporte com predominância aeróbia treinam grandes volumes, por quê? 

Porque alguém interpretou mal Matveiev, autor do livro Fundamentos do Treino desportivo (1973). 

Matveiev, em sua obra, deixa claras as funções do treinamento desportivo. 

Em seu estruturamento do treinamento, baseado nos ciclos de supercompensação do Austríaco Hans Selye, denomina como período básico ou período preparatório geral.

O período Básico, vulgarmente chamado de “Base”, é o período do treinamento onde os substratos fisiológicos são trabalhados em percentuais iguais. Isso não quer dizer trabalhos com alto volume e baixa intensidade, um erro de interpretação que muitos praticam por aí. 

Além desses equívocos, temos no esporte os mitos. Esses infelizmente predominam no Brasil. 

Falta de conhecimento teórico, somado aos mitos, faz com que percamos até mesmo para Cuba, um país menos desenvolvido economicamente do que nós. 

Por quê? 

Porque para que o treinamento desportivo seja eficiente, ele deve conter em si uma teoria, um fundamento, pautado em fatos e não em mitos. 

Voltando aos estudos citados acima, concluo que em esportes de predominância aeróbia, é fundamental que: 

1º O treinamento deve ser individualizado; 

2º O Macrociclo deve seguir um objetivo principal; 

3º O atleta nunca pode entrar em “overtraining”; 
4º Quer ir mais rápido? Evolua a técnica. Gesto motor mal aplicado é igual a desperdício de energia e lesões;
5º Quer melhorar o desempenho? Treine maior predominância na zona do primeiro limiar ventilatório, que é detectado em teste ergoespirométrico. 

6º Para o praticante de esporte amador: o treino deve se adequar a sua rotina e não sua rotina ao treino; 

7º Tenha acompanhamento de um Médico Nutrólogo, sua alimentação e suplementação também devem ser pautadas em fatos. Por exemplo: seu corpo já está com alto índice proteico, aumentar a dosagem pode acarretar distúrbios metabólicos; 

8º O principal motivo do Brasil não ser uma potencia no esporte é a falta de cultura esportiva. Sendo assim, estude, leia sobre esporte, conheça a história das coisas, as origens e fundamentos, assista a documentários. Afinal, informação é a chave de qualquer negocio. 

O melhor atleta não é o mais forte, mais alto, mais rápido, mas sim aquele que possui intelecto avançado. O Campeão sabe otimizar os seus recursos, onde suas dificuldades se tornam possibilidades e transforma suas deficiências em potencialidades. 

Com esse texto, tento transmitir informações pautadas em estudos científicos, deixando de lado os mitos, levando em consideração minha experiência quando atleta de elite e membro acadêmico. 
Bons treinos a todos!
Fiquem em Paz.


Fonte: http://andersonbassi.blogspot.com.br/2012/07/treinar-forte-nao-e-bom.html?showComment=1342121072300#c6090934503426391811
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